“Depois de uma longa espera consegui, finalmente, plantar o meu jardim.
Tive de esperar muito tempo porque jardins precisam de terra para existir.
Mas a terra eu não tinha. De meu, eu só tinha o sonho.
Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes de existirem do lado de fora.

Um jardim é um sonho que virou realidade,
revelação de nossa verdade interior escondida,
a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros,
sem vergonha alguma…”

Rubem Alves

Para ler o texto completo Jardins de Rubem Alves clique aqui.

amantikir

Criado em Campos do Jordão,estado de São Paulo, no ano de 2007 o Parque amantikir recebe, a cada ano, um maior número de visitantes.

São mais de 700 espécies de plantas ao longo dos 60.000m², abertos à visitação durante todos os dias do ano.

Considerado pelos usuários do TripAdvisor como a melhor opção do que fazer em Campos do Jordão desde 2013, o Parque amantikir vem se destacando como o principal atrativo, tanto para viajantes e operadores turísticos, quanto para estudantes de paisagismo, botânica e pessoas que buscam vivências para o desenvolvimento humano e bem estar junto à natureza.

História

O Parque amantikir é fruto da mistura de dois ingredientes: insatisfação e encantamento. Estes ingredientes, aparentemente contraditórios, porém importantíssimos na realização de nossos sonhos, foram essenciais na história do engenheiro agrônomo e paisagista Walter Vasconcellos.

Nascido em Campos do Jordão e apaixonado pela cidade, após viajar por dezenas de parques e jardins da Europa, Estados Unidos e Canadá, voltava das férias sempre com a sensação de que sua cidade merecia um espaço tão encantador quanto aqueles que visitara. Parecia-lhe injusto: nem mesmo os proprietários dos jardins, a quem prestava serviços como Dr. Garden, tinham a oportunidade de desfrutar da plenitude de jardins tão belos. Imaginem só: uma florada podia ocorrer em plena segunda-feira e no sábado seguinte nada mais restara para ser apreciado!

Essa inquietação foi essencial para germinar a semente de um jardim aberto ao público. Construído numa área que antes abrigara o Haras Serra Azul, o sonho ganhou força através do aporte financeiro de amigos e clientes do Dr. Garden.

No dia 25 de agosto de 2007, nascia o amantikir. Após mais de uma década de história, o parque já recebeu milhares de visitantes, de diversas partes do mundo, e hoje conta com apenas dois sócios: Roberto Baumgart e Walter Vasconcellos.

Por que amantikir?

No século XVI, quando os primeiros exploradores portugueses iniciavam suas viagens ao interior do Brasil, vivia em uma faixa de aproximadamente 100 km de largura a partir do litoral cerca de 3 milhões desses nativos ocupavam . Tratava-se da Nação Tupi, unida pelo mesmo tronco linguístico, que se dispersava desde o estado do Pará até a Argentina.

A Serra escarpada que acompanhava o rio Paraíba (rio feio em tupi), onde hoje se situa Campos do Jordão, conhecida pelos nativos como amantikir, “a montanha que chora”, tornou-se Mantiqueira na pronúncia dos Lusitanos. (Entenda a origem do nome conhecendo a lenda de amantikir abaixo).

O parque amantikir, concebido por quatro apaixonados pela Mantiqueira, pretende prestar uma sincera homenagem aos reais valores da serra e sua exuberante natureza, livre de modismos e estrangeirismos. Assim, ao invés de buscar uma semelhança com localidades europeias, o parque visa resgatar e valorizar os elementos naturais e culturais de nossa região.

Geograficamente a Mantiqueira ocupa cerca de 25.000 km² e estende-se por três estados, Minas Gerais (75%), Rio de Janeiro (5%) e São Paulo (20%).

A lenda de amantikir

Conta a lenda que havia uma princesa encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi. Seu nome o tempo esqueceu, seu rosto a lembrança perdeu, só se sabe que ela era linda.

Era tão linda que todos a queriam, mas ela não queria ninguém. Vira homens se matarem por vê-la. Tacapes velozes triturando ossos, setas certeiras cortando carnes. Como poderiam amá-la se não amavam a si próprios?

A Bela Princesa se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo e carcás de ouro, que vivia lá em cima, no céu, caçando para Tupã. Mas o sol, ao contrário de tantos príncipes, não queria saber dela. Não via sua beleza, não escutava suas palavras nem se detinha para tê-la.

Mal passava, cálido, por sua pele morena, sua tez cheirando a flor, mal acariciava seus pelos negros, suas pernas esguias, e, fugaz, seguia impávido a senda das horas e das sombras. Mas ela era tão bonita que senti-la nua, seus pequenos túrgidos seios, seus lábios de mel e seiva, sua virginal lascívia, acabaram também encantando o Sol. E o Guerreiro de Cocar de Fogo fazia horas de meio-dia sobre o Itaguaré…

A Lua mal surgia sobre a serra, já sumia acolá. Logo não havia noite. O sol não se punha mais e não havia sono, não havia sonho, e tão perto vinha o Sol beijar a amada que os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam os lamaçais…

 

De tênues penugens de prata, plumas alvas de cegonhaçú, a Lua viu que estava ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, tantas auroras de puro gosto, se apaixonara por uma mulher…

E foi contar tudo para Tupã. E tanto, de tanto que Tupã quis saber o que era, que a Lua, cheia de ódio, crescente de ciúme, minguando de dor, se fez um novo ser de noite sem lua. Como uma simples mulher ousou amar o Sol? Como o Sol ousou deter o tempo para amar alguém?

Que ele nunca mais a visse! Mas o Sol tudo vê!… Então Tupã ergueu a maior montanha que existia lá e dentro dela encerrou a Princesinha Encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi.

O Sol, de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar.

A Lua, com a dor de seu amado, chorou miríades de estrelas, constalados e prantos de luz.

Mas nenhum choro foi tão chorado como o da Princesinha, tão bela, que nunca mais pôde ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol… Ela chorou rios de lágrimas, Rio Capivari, Rio Verde, Rio Passa-Quatro, Rio Quilombo, rios de águas límpidas, minas, fontes, grotas, enchentes, corredeiras, bicas, mananciais. Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou aquela montanha de Amantikir, a “Serra que chora”…

Mantiqueira, a montanha que a cobriu…Conta a lenda que foi assim…

Trecho da peça “A Fantástica Lenda de Algures

 

Diversidade, Sustentabilidade e Educação

Todo o projeto amantikir está apoiado sobre três ideias que o parque busca transmitir a todos: Diversidade, Sustentabilidade e Educação.

Assim, nosso objetivo é que todos os visitantes saiam do parque melhores do que entraram, levando consigo uma nova maneira de ver e se relacionar consigo mesmo e com a natureza.

A experiência vivida em amantikir, principalmente para aqueles que fazem o passeio guiado, guarda pequenos ensinamentos a serem usados em nossa vida cotidiana, com grande poder transformador.

Livro amantikir jardins que falam